16 dezembro 2010

In Finito



Pois é,
estamos no mundo sem manual de instruções...
chegamos como uma célula e saímos daqui deixando todas...

E a vida, vista de dentro, do dia a dia, é uma eternidade de dias de trabalho, de luta, de pensamentos, de conhecimento de nós mesmos.
E a vida, vista de fora, é um instante e nada mais, fugaz como uma chuva intensa, que cai levando tudo o que vem pela frente e depois se vai, deixando lugar pro sol.

e nesse breve momento em que existimos, difícil conseguirmos manter nossa mente em tal distância focal, a ponto de percebermos nossa vida toda em um pensamento.

Difícil vermos que esse instante no infinito, que essa partícula de tempo existencial do Universo, nada de grande demais faremos, nada pequeno demais faremos.

Todo o lixo que produzimos (exceto o nuclear) é feito dos mesmos átomos de sempre, que estiveram no planeta desde a sua criação (ou foram trazidos por algum corpo celeste, cometa, meteoro), e estarão depois que formos. Os lixões serão para o mundo de daqui dez mil anos ricos depósitos de materiais diversos, verdadeiras minas.

O verdadeiro mundo que vivemos é o mental. É daquele ser que pensa dentro da nossa cabeça, mas que no fundo não está lá. Somos nós, o que pensamos e sentimos. São nossas alegrias e aflições.

As próprias coisas que criamos se tornam um elemento hipnotizador e nos fazem cair em uma espiral (espirais não são hipnóticas?) de necessidade -> consumo -> trabalho para pagar -> mais necessidades -> mais consumo -> mais trabalho... e onde quem realmente enriquece e se aproveita desse mecanismo são, obviamente, os muito poderosos, os muito ricos.

As desigualdades fazem com que o desemprego gigante se torne nada mais do que uma reserva de mercado para as empresas poderem sempre ter mão de obra mais barata (NÓS!)
E nós, por nossa vez, compramos produtos baratos feitos na China por pessoas muito mais exploradas que nós, para enriquecer um empresário que pouco liga para o mundo, poluindo tudo a ponto de rios que ficam perto de fábricas de calças Jeans mudarem de cor todos os dias, dependendo da produção em vigor...

Nossos semelhantes se tornam muitas vezes, quando situados dentro desse transe, em mais uma criatura exploradora, sanguessuga, vampira de energia. Em seu objetivo cego de conseguir mais e mais e mais, se impõe acima dos outros e às vezes de tudo, do planeta e do ar, da água e da terra.

Tendo medo de perder o que tem, consegue mais, e assim fica com mais medo ainda de perder o que conseguiu. Os pensamentos, a vontade de ser feliz e livre acima de tudo, ainda precisa entrar pela mente aberta até o coração para despertar nos sofredores que exigem um mundo mais justo e humano para que possamos realmente aproveitar tantas belezas, apresentadas gratuitamente pelo mundo para nós.

E isso não virá antes de uma ruptura interna (pois externamente teremos que nos segurar nesse sistema cambaleante até que tenhamos uma alternativa melhor) nos liberte de queremos ser alguém dentro de tal circo. Precisamos mais que tudo desejarmos alegria em estar vivo, e enquanto houver tanto sofrimento e desigualdade, mesmo com as maiores defesas, algo de ruim sobrará.

A mente livre deve começar a rir, a rir dos estúpidos que estão com o poder e dele não fazem mais do que joguete particular. Rir dos que enriquecem achando que serão felizes, pois frequentemente com o dinheiro vem a traição, a inveja, a morte. A rir dos que acham que são melhores que os outros, de cegos e ignorantes de suas absurdas limitações humanas. A rir da nossa vida, tão aflita por tão pouco. A rir de tanto desespero gerado por egoísmo. Rir das políticas dos países poderosos, que proíbem qualquer um de se tornar poderoso, usando para isso todos os meios ilícitos, ocultos e manipulados inclusive de roubo e invasão, e que tem arsenais nucleares gigantescos, "protegendo o mundo dos terroristas", que no fundo, são eles mesmos, só que do outro time.

E assim, quando caímos na real do que realmente somos, um ponto focal de consciência, com grande chance de que seja imortal e eterno, passando por experiências físicas em um ambiente inburlável, as coisas ficam mais simples: precisamos mais do que tudo sermos fiéis a nós mesmos e a nossa natureza, pois a planta só cresce no ambiente que lhe agrada, morrendo lentamente quando tem para si uma vida diferente de sua natureza.

Louvados os livres de pensamento,
os subverterdores, críticos, malucos,
os éticos, sérios e verdadeiros.

O mundo é dos livres. Como já diziam os Mutantes, mais louco é quem me diz que não é feliz...

(não é feliz!)

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